A terceira edição do estudo Inteligência Emocional e Saúde Mental no Ambiente de Trabalho, realizado pela The School of Life, em parceria com a Robert Half, mapeou que 42,86% dos 387 liderados entrevistados classificam o ambiente tóxico como o principal fator que faria com que essas pessoas pedissem demissão.
Outras razões citadas foram: falta de reconhecimento (percepção de 13,43% dos entrevistados), imposição de trabalho 100% presencial (13,14%), falta de plano de carreira (8,86%) e falta de protagonismo (3,71%).
“Fala-se muito do líder que inspira, engaja e influencia positivamente. Mas a alta direção das organizações e o RH precisam manter atenção com relação aqueles gestores que, por meio do seu modo de gerir, causam impactos negativos na qualidade de vida, no bem-estar, no desempenho e na produtividade dos liderados”, explica Diana Gabanyi, CEO da The School of Life.
Como uma das formas de criar ou manter um clima organizacional mais saudável, muitas organizações têm investido no desenvolvimento e/ou aprimoramento das habilidades emocionais de jovens líderes: 43% dos 387 gestores entrevistados disseram que as empresas em que atuam têm investido no treinamento comportamental de trainees, enquanto 18% do total de líderes disse que essa ação será colocada em prática até o final de 2024.
As cinco habilidades emocionais mais abordadas nesses treinamentos têm sido: comunicação (70,85%), autogerenciamento (58,74%), autoconhecimento (54,26%), adaptabilidade (47,09%) e diplomacia (10,31%).
“Cada vez mais profissionais jovens têm chegado a cargos de liderança com pouca experiência de relacionamento com si mesmo, o outro e o mundo. Para criar um ambiente emocionalmente saudável, um líder não precisa ser psicólogo ou terapeuta. Ele precisa, de fato, priorizar as funções de gestão e criar espaços na agenda para se aproximar das pessoas”, explica Maria Sartori, diretora da Robert Half.
No geral, a terceira edição do estudo Inteligência Emocional e Saúde Mental no Ambiente de Trabalho abordou temas relacionados à cuidado com a saúde mental no ambiente corporativo, autocuidado, jovens lideranças, clima organizacional, atração e retenção de talentos, faltas e afastamentos dos colaboradores, autoconsciência e percepção do outro e modelos de trabalho. Entre as descobertas da pesquisa, estão os seguintes dados:
- A saúde mental tem afetado o engajamento e a produtividade – Nos últimos 12 meses, 44% dos líderes e 45% dos liderados afirmaram que deixaram de produzir ou se manter engajados em algum momento por estarem emocionalmente abalados. Um dos riscos desse cenário é que a baixa performance do colaborador foi indicada por 37,19% dos líderes como a principal motivação para demissão.
- Alguns líderes não estão capacitados para acolher os liderados – 61% dos liderados e 65% dos líderes acreditam que os gestores das empresas em que atuam não estão capacitados para acolher os colaboradores que apresentam questões de saúde mental. A boa notícia é que 19% dos gestores que apontaram essa falta de preparo disseram que, em suas empresas, essa capacitação deve ser iniciada até o final de 2024.
- Alguns líderes estão sem tempo para cuidar de si mesmos e se conectar com a equipe – Um grupo de líderes (37,38%) afirmou que está sem tempo para cuidar da própria saúde e do próprio bem-estar, enquanto 9,83% disseram que não têm encontrado tempo para criar proximidade com os membros da equipe.
- O tema saúde mental no ambiente corporativo ainda é tabu – 11,56% dos líderes e 17,33% dos liderados afirmam não sentir que têm liberdade para expor os seus sentimentos e as suas emoções no ambiente corporativo.
- Atuais desafios do trabalho – Na opinião de 62,24% dos líderes, o principal desafio do trabalho 100% remoto é o autogerenciamento. Já 59,09% dos liderados indicaram como ponto desafiador a conexão com os colegas e/ ou a própria empresa. Os dois grupos, porém, concordam que, no dia a dia do trabalho, os três fatores mais desafiadores têm sido: falha na comunicação entre os membros do time; pressão para o cumprimento de metas; e prazos muito curtos.
- Comunicação é a habilidade mais valorizada na contratação – Quando questionados, 36,03% dos líderes afirmaram que a comunicação é a habilidade que mais valorizam em um candidato no momento da contratação, seguida de adaptabilidade (opinião de 35,84% dos entrevistados), eficácia (21%), resiliência (20,23%), confiança (20,23%), objetividade (19,46%) e capacidade de decidir (19,46%). Autoconhecimento, que é a base da inteligência emocional, foi uma habilidade citada por apenas 12,33% dos líderes entrevistados. Do ponto de vista de 33,53% dos gestores, a comunicação é a habilidade que mais tem faltado aos membros do seu time, seguida de capacidade de decidir (30,44%), resiliência (17,15%), objetividade (16,57%) e autoconhecimento (16,38%).
- Apoio é a habilidade que mais tem faltado à liderança – Na opinião de 32,39% dos liderados, apoio é a habilidade que mais tem faltado em seus atuais líderes, seguida de comunicação (27,27%), liderança (19,03%), capacidade de decidir (17,05%) e objetividade (12,78%). O curioso é que apenas 6,74% dos líderes indicaram que gostariam de desenvolver a habilidade de apoio em si mesmos. Vale destacar que o ambiente que apóia e acolhe está entre os fatores mais importantes no trabalho para 65,70% dos líderes e 64,20% dos liderados.
- Quiet Firing e Quiet Quitting seguem sendo uma prática – Do total de entrevistados, 29% dos líderes e 30% dos liderados afirmaram saber que algum gestor da organização em que atuam já praticou “quiet firing” (demissão silenciosa), que é a ação de criar um ambiente de trabalho que estimule o colaborador a pedir demissão, enquanto 51% dos líderes e 46% dos liderados disseram que algum colaborador da sua organização já praticou “quiet quitting” (desistência silenciosa), que é a ação de trabalhar executando o mínimo necessário.