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Diga-me como me medes e eu te direi como me comportarei

Foto: divulgação.

A frase que dá título a este artigo é do Eliyahu M. Goldratt, autor do livro A Meta.

Semana passada, li um breve artigo publicado no LinkedIn sobre a diferença entre métricas e metas desejadas pelo Cris Dias, escritor, consultor e TEDx speaker do mundo do storytelling.

O próprio Cris traz, no seu texto, um resumo dessa diferença. 

Métricas deveriam ser só um ponteiro ou régua — está no nome. Mas o que mais se vê por aí é a métrica sendo usada como o fim, o objetivo, na esperança de que o “verdadeiro” objetivo (o sucesso da empreitada) venha automaticamente. Infelizmente não é simples assim”.

E não é simples mesmo.

Há quem use as métricas para achar culpados e penalizá-los sobre algum problema em curso. Querer buscar os erros internos como um modo de coerção só te levará para o lado errado da coisa.

Isso não só gerará um ambiente de desconfiança mas também tornará o trabalho das pessoas ainda mais desafiador.

Quando falamos sobre melhoria contínua, não é raro você encontrar dados maquiados para satisfazer um determinado viés, principalmente quando você quer buscar alguma autoafirmação. Vou entregar o meu e lavar as minhas mãos. Agora é com a área ao lado. 

Quando você atua em um ambiente tóxico então, isso se torna ainda mais nocivo. 

Se o seu objetivo é reduzir peso, se inscrever na academia é apenas o meio. Registrar o treino no Instagram pode até ser uma métrica de motivação uma vez que você expõe isso para a sua rede, mas ainda não é o seu objetivo final. A redução de açúcar, o corte do álcool durante a semana e a ingestão de mais água no dia a dia, são outras métricas que indicam a sua evolução. Mas não se iluda, o objetivo ainda não foi alcançado. 

E sim, reconheça esses avanços e comemore, claro. Não seja tão duro consigo mesmo. 

Gosto de dizer que o dado, em si, não vale nada. O seu conjunto, quando organizado, nos traz uma informação que nos permite ter uma visão mais ampla daquilo que, antes, era algo isolado. E essa informação, em um contexto específico, transforma tudo isso em um conhecimento gerado, me apoiando em alguma decisão de valor.

Um dado se transforma em uma informação que, dentro de um contexto, vira conhecimento gerado. É a larva que se transforma em casulo antes de voar livre como uma borboleta. Muitas empresas se contentam apenas com o casulo.

A queda do faturamento do mês anterior é um dado. Quando eu contextualizo esse faturamento com o cenário previsto e correlaciono com outros indicadores do meu balanço, eu tomo uma decisão. E quando eu tomo uma decisão, eu transformo tudo isso em um conhecimento que poderão melhorar o meu faturamento no mês seguinte. 

É uma equação que traz dados e fatos como os protagonistas, muito mais que somente a intuição de alguém com tantos anos de mercado. Uma coisa apoia na outra. 

Principalmente nas organizações. E se tem uma coisa que uma empresa enche o peito para dizer é sobre a sua orientação à dados.

Quando lemos que uma cultura organizacional é orientada ao desempenho e times de alta performance, um dos primeiros benefícios que ela percebe é ter fatos e dados sempre em mãos com uma mensuração de resultados sempre constantes. 

Essa cultura é percebida como um conjunto de artefatos, valores compartilhados e subjacentes que visam o resultado no curto prazo, a busca pela estabilidade, o desenvolvimento da autonomia, além de melhorar a capacidade de atingimento de metas e ter seus processos mais estabilizados. 

Mas, se medir o resultado é um exercício complexo (para não dizer confuso), logo todos esses benefícios estão em risco. Aliás, esse é um outro sintoma assim como o equilíbrio entre o desenvolvimento individual e a busca por resultados constantes, já falei sobre isso em fevereiro.

Por isso a importância de entender os objetivos de negócios. Se você ou o seu time apenas comemoram a entrega de um checklist infinito de coisas que falam mais sobre vocês do que sobre o negócio, então há um ponto de atenção. 

Além do tempo mal direcionado, há a frustração de um grupo de pessoas que esperou por um reconhecimento que não veio como esperava.

Quando você começar a tomar decisões cada vez mais assertivas a favor do seu objetivo de negócio, você perceberá que as métricas estão trabalhando a seu favor. Até lá, calibre a sua vaidade com a definição de trabalhar no que realmente importa e dê visibilidade para o seu trabalho aos poucos. 

Os números poderão te ajudar.

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Líder de gestão de mudança e cultura na Central Ailos.

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