A inteligência artificial generativa (IAGen) vem revolucionando diversos setores e o segmento de comunicação não é uma carta fora do baralho nesse contexto.
Como toda nova tecnologia, ela apresenta desafios que precisam ser considerados, ao mesmo tempo em que, concomitantemente, já tem se tornado uma ferramenta poderosa para apoiar as agências de comunicação.
As soluções generativas, em síntese bem objetiva, partem de um ramo da IA que se concentra na criação de novos conteúdos, como textos, imagens e vídeos, a partir do big data informacional disponível em um determinado sistema ou rede. O ChatGPT, por exemplo, utiliza deep learning a partir de dados disponíveis na internet e, já teve mais de 120 milhões só no Brasil – 4º país que mais utiliza essa ferramenta.
Dentro desse cenário, já é possível observar o uso de IAGen na esfera da assessoria de comunicação, em processos de apoio para a criação de press releases, comunicados, conteúdos para redes sociais… O espectro se amplia, mas isso é um sinal de preocupação ou de alívio para as agências?
A princípio, o mercado vê com bons olhos essa tendência: o estudo AI in the Communication Industry da PRovoke Media identificou que 86% dos profissionais da área de comunicação ao redor do mundo consideram a Inteligência Artificial uma oportunidade e não um risco.
Além disso, 61% dos entrevistados afirmaram que já utilizam ferramentas de IA generativa no trabalho, sendo que um em cada cinco profissionais as utiliza com frequência.
Benefícios para a assessoria de imprensa
Em um cenário no qual é preciso se manter constantemente relevante, as IAs generativas oferecem uma série de vantagens e um grande potencial para apoiar os profissionais da área de assessoria de imprensa, principalmente quando falamos de tarefas repetitivas, abrindo espaço para concentração em atividades mais estratégicas e criativas.
Com algoritmos avançados, é possível segmentar o público com maior precisão e adaptar suas estratégias de comunicação em tempo real. A IA agiliza, por exemplo, a análise de dados, identificando oportunidades e ameaças aos negócios de forma rápida, e fornece insights valiosos para fundamentar estratégias mais precisas.
Ademais, ela facilita a criação de conteúdo personalizado, o que aumenta a relevância e o engajamento das interações, além de otimizar o tempo, que pode ser investido no relacionamento, tanto com leads quanto com jornalistas e influenciadores, atores fundamentais para o sucesso da estratégia de comunicação.
Para termos uma ideia, a empresa americana Muck Rack fez em 2023 uma pesquisa entre seus usuários para elencar as tarefas mais comuns que o emprego de IA tem otimizado.
Em primeiro lugar ficou a sugestão de pauta, seguida pelo apoio na redação de press releases e a redação de postagens para as redes sociais alcançou o terceiro lugar. Na sequência, pesquisa e planejamento ficaram em quarto e quinto lugares respectivamente.
Desafios e impactos das IAs
Apesar de suas inúmeras vantagens, as IAs generativas também apresentam questões críticas significativas para as assessorias de comunicação. Uma das principais envolve a necessidade de garantir a autenticidade do conteúdo gerado, já que a IA Generativa aprende com grandes conjuntos de dados de conteúdo criado por humanos e, muitas vezes, apenas reproduz estilos e ideias existentes.
Dessa forma, torna-se cada vez mais difícil determinar quem é o autor de um determinado conteúdo. Isso levanta reflexões sobre propriedade intelectual, responsabilidade e ética.
Além disso, há preocupações em relação ao uso da IA na criação de conteúdo, especialmente quando se trata de disseminação de informações potencialmente inverídicas ou manipulação de percepções. Em outras palavras: as assessorias de comunicação enfrentam o desafio de garantir a integridade e a credibilidade das mensagens transmitidas, mesmo quando utilizando tecnologias de IA.
O estudo já mencionado da Muck Rack também destacou uma preocupação significativa para o futuro da assessoria de comunicação: 58% dos entrevistados expressaram receio de que os profissionais mais jovens depositem confiança excessiva em ferramentas de IA, negligenciando os princípios básicos da atividade.
O papel humano perante as Inteligências Artificiais
Os pontos citados enfatizam a importância de entender que a IA é uma facilitadora, não uma substituta para a atuação humana e representa uma ponte estratégica na comunicação, preparando o cenário para o futuro da assessoria de imprensa e das estratégias de P&R.
Enquanto as IAs podem auxiliar na geração e distribuição de conteúdo, são as agências e os profissionais de comunicação que possuem o conhecimento e a sensibilidade necessários para criar mensagens autênticas, impactantes, de acordo com princípios de checagem e responsabilidade jornalística.
Nesse sentido, o papel humano é essencial também para absorver as nuances da linguagem e das culturas envolvidas na comunicação, bem como para interpretar sentimentos e emoções subjacentes às mensagens. As IAs podem fornecer insights valiosos, mas cabe aos humanos transformar esses insights em estratégias eficazes e mensagens persuasivas.
Dentro desse contexto, evidencia-se, mais do que nunca, a importância de que o planejamento estratégico de comunicação esteja nas mãos de agências competentes com profissionais especializados e munidos de experiência suficiente para tirar o melhor proveito das novas tecnologias.
Considerando os prós e contras da IA Generativa, a mensagem que fica é: ao adotar uma abordagem integrada que valoriza tanto a tecnologia quanto a expertise humana, as agências de comunicação e assessoria de imprensa podem aproveitar ao máximo o potencial da transformação digital, elevando resultados e o potencial de seus talentos.