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IA nas assessorias de imprensa: o novo paradigma do mercado de comunicação

Foto: divulgação.

Se a transformação digital, há não muito tempo, era mais um norte para as empresas brasileiras do que propriamente uma realidade concreta – haja vista o amplo número de organizações que se mantinham culturalmente resistentes a um avanço mais disruptivo da inovação em seus negócios – os últimos anos viram um salto forçado para o oceano da tecnologia, em virtude, sobretudo, do contexto pandêmico.

Nesse sentido, a FGV aferiu que, só 2021, a digitalização do ambiente de negócios nacional avançou o equivalente a quatro anos – tendência essa que dialoga com um panorama global no qual os investimentos em transformação digital devem crescer mais de 27% anualmente até 2030, segundo dados da consultoria Grand View Research.

E o novo motor dessa revolução não é mais um segredo restrito aos futurólogos ou gurus da tecnologia. Sim, a inteligência artificial – em especial na sua vertente generativa que tem se sofisticado de modo cada vez evidente na criação de conteúdos multimídia (de textos a vídeos e ilustrações) – abre um novo leque de “transformações por minuto” e, ainda em 2023, movimentou mais de US$ 196,6 bilhões em todo o mundo, também de acordo com a Grand View Research.

Como também você possivelmente já deve ter notado, a escalada da inteligência artificial que alcançou o grande público a partir do ChatGPT traz consigo tanto um entusiasmo no que concerne às possibilidades dessa infraestrutura – maximização do poder de análise de dados, personalização de conteúdos, automação de tarefas –, quanto preocupações éticas e acerca do futuro do trabalho que, sem dúvidas, chegam também ao universo da mídia, comunicação e aos escritórios de assessoria de imprensa.

Mas há, de fato, algo a temer ou estamos diante de uma oportunidade operacional e criativa para um mercado que, ao longo das últimas décadas, vive seu próprio movimento de transformação dentro de uma jornada mais e mais profunda para o digital?

Inteligência artificial na comunicação: tendência, não, realidade!

Antes de tudo, é fundamental deixar claro que o uso de IA no mercado de comunicação é um dado objetivo que se impõe.

Segundo dados da Associação Mundial de Editores de Notícias, quase 50% das redações de todo o mundo já utiliza ferramentas generativas em seu dia a dia e a tendência é que esse panorama só se expanda, uma vez que os investimentos em IA na indústria midiática devem crescer 26% ao ano segundo a Grand View Research.

E, para os profissionais mais preocupados com o impacto da IA no mercado de trabalho do jornalismo, ao menos até o momento, as aplicações dos algoritmos de inteligência no mercado tem sido, conforme constatado por estudo conduzido em Oxford, para organização de dados; desenho de estratégias de paywall e anúncios; transcrição de entrevistas e automação de processos de cobertura.

No plano da assessoria, por sua vez, vale acrescentar ainda que o uso de IA tem trazido ganhos interessantes na personalização de press releases, em um melhor direcionamento de campanhas de comunicação e no apoio a estratégias de inserção de mídia espontânea na imprensa.

Logo, não é exagero afirmar que a inteligência artificial faz parte de um novo capítulo da indústria de comunicação e relações públicas; mas, para além das funcionalidades supracitadas, o que isso significa em termos estruturais para o mercado?

Superando obstáculos, extraindo potencialidades e elevando a criatividade humana

A primeira parte dessa resposta envolve a superação de obstáculos: as agências e empresas de mídia de modo geral precisam contar com políticas claras acerca do uso de IA também como forma de identificar incorreções, perda de qualidade em conteúdos e utilização indevida de ferramentas.

E, nesse plano, há ainda um longo caminho que precisa ser trilhado: segundo a pesquisa internacional da Associação Mundial de Editores de Notícias sobre o uso de IA em redações, por exemplo, somente 20% das empresas formularam diretrizes para a utilização de inteligência artificial.

Para as assessorias, esse ponto é fundamental inclusive para evitar ruídos com clientes ou a padronização sem personalidade de releases, comunicados e divulgações para a mídia.

Feita essa observação, como vimos, há muitos potenciais benefícios que podem ser extraídos a partir do uso de IA na comunicação. Com o suporte na análise de dados, por exemplo, é possível ampliar a profundidade de conteúdos; automatizar tarefas repetitivas e potencializar a criatividade de assessores por meio de soluções que direcionam seu esforço para ações mais estratégicas.

Finalmente, se a transformação veio para ficar, compreender a mudança parece um passo mais assertivo para navegarmos em uma nova economia que está sendo construída e que, mais do que nunca, alcança e altera os rumos da indústria da comunicação.

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CEO da Ideiacomm

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