As movimentações do mercado de trabalho no mês de agosto trouxeram boas notícias para as economias do Sul do país. Os três estados tiveram saldo positivo, somando mais de 45,5 mil novas vagas de trabalho para o mês.
Mas nem todas as atividades estão conseguindo reverter a trajetória de queda iniciada desde o início da pandemia no Brasil.
Nos restaurantes e serviços de alimentação, agosto já é o sexto mês consecutivo de perda de trabalhadores na região Sul.
No ano, a redução de colaboradores está próxima da faixa de 40 mil trabalhadores, o que representa cerca de 20% do quadro de funcionários total dos estados.
Outro dado preocupante é a arrecadação do setor em agosto, que está 46% inferior ao registrado no ano anterior no Rio Grande do Sul e -29% em Santa Catarina.
Um estudo da McKinsey também alerta para a situação dos restaurantes, especialmente os estabelecimentos de micro e pequeno porte.
De acordo com a projeção, o tempo necessário para restabelecimento da atividade aos níveis anteriores da pandemia pode chegar a cinco anos ou mais.
A dificuldade dos pequenos restaurantes está na alta parcela de custos fixos e na baixa margem de lucro.
As mudanças de digitalização e de entrega de refeições não é suficiente para contornar as perdas com a quarentena, tanto pela menor demanda como pelos custos de embalagem e entrega, que diminuem ainda mais o retorno dos empreendimentos.
Ainda de acordo com a instituição, os restaurantes que têm mostrado maior resiliência na crise são aqueles que conseguiram investir em tecnologias, digitalizar seus processos e oferecer promoções aos clientes.
Esta realidade, contudo, não ocorre para todos os empreendimentos, sendo mais comum em redes maiores, que já possuem mais recursos.
De acordo com o economista Henrique Reichert, da Caravela Soluções, “os efeitos negativos da pandemia devem continuar diminuindo nos próximos meses e o mês de setembro deve apresentar os primeiros sinais de retomada dos empregos nos restaurantes. Ainda assim, a sobrevivência das pequenas empresas nos serviços de alimentação, portanto, passará pela rápida adaptação das empresas, que precisam acelerar o uso de tecnologias e possivelmente mudar seus modelos de negócios”.