Os impactos da crise causada pelo coronavírus começaram a ser sentidos em Santa Catarina assim que os primeiros casos foram confirmados.
Imediatamente, com o decreto que impôs a quarentena, a atividade econômica passou a ser afetada.
O Índice de Performance Econômica das Regiões de Santa Catarina (IPER-SC) registrou queda de 0,6% na passagem do quarto trimestre do ano passado para o primeiro trimestre deste ano, na série com ajuste sazonal.
O economista da Federação das Associações Empresariais de Santa Catarina (Facisc), Leonardo Alonso Rodrigues, explica que esta é a primeira queda para o trimestre em questão nos últimos quatro anos:
“De um lado confirma o ritmo menor de movimento econômico no estado já desenhado durante o ano de 2019, e de outro lado, confirma os primeiros indícios dos impactos do coronavírus sobre a economia catarinense”.
Os dados do índice foram complementados com a análise realizada pela entidade dos meses de maio e junho.
Segundo o estudo, as atividades econômicas estruturadas no interior foram uma das menos afetadas, principalmente a produção de alimentos e o agronegócio em geral.
O acumulado entre os meses de janeiro a maio em relação ao mesmo período do ano passado, mostra queda em todos os setores.
O Índice de Atividade Econômica (IBC-Br) teve redução de 5%. Já a produção industrial de -15,4%. As vendas do comércio -5,1%. O setor de prestação de serviços foi impactado com redução de -9% no volume de serviços prestados. E o setor mais atingido foi o turismo, com queda de 24,8%.
Para o presidente da Facisc, Jonny Zulauf, os dados estatísticos são incontentáveis, pois demonstram o que as empresas vêm passando na prática:
“Temos a sorte de termos a diversidade de Santa Catarina, e isso vai trazer sempre um olhar otimista sobre o nosso estado. Na média podemos colher o positivismo nos mais diversos setores de SC. Mas de outro lado temos um aspecto problemático, o do setor do turismo, do social, dos eventos, restaurantes, que está sofrendo intensamente. O turismo é essencial e propulsor do nosso estado. Vemos a possibilidade de respirar quando toda a demanda reprimida, assim que for viável, começar a ser atendida. As pessoas vão voltar e isso é um alento, mas vemos que ainda vai no mínimo mais uns seis meses para se consolidar”.
O lado positivo é que no acumulado de quatro trimestres o estado manteve o ritmo de crescimento de 1,2% e já acumula nos últimos três anos, um crescimento de 7,1% em 2017, 7,1% em 2018 e 1,1% em 2019.
O economista explica que Santa Catarina ao sair na frente com a recuperação da crise econômica mais recente (2015-2016), viu seu movimento econômico ser mais expressivo, retardou os efeitos mais negativos da crise, e para o momento atual de pandemia, ser fator competitivo frente a este novo cenário:
“Este ano se tornou mais desafiador. O momento prescreve que o processo de crescimento econômico esperado para 2020 está comprometido, principalmente no primeiro semestre. É de fundamental importância as ações de mitigação dos efeitos mais severos que esta nova crise trará para que sejam os menores possíveis e que os desafios que o momento apresenta sejam superados de forma a atenuar tais impactos”.
Outros pontos positivos destacados pela análise são: a importância das medidas econômicas adotadas para atenuação dos efeitos negativos da crise, aumento do crédito para as empresas que nos últimos 3 meses cresceram 8,7% no estado, a disponibilização do auxílio emergencial na camada da população mais vulnerável e a situação fiscal em Santa Catarina menos delicada que em outros estados. Além disso, o estado tem o segundo menor desemprego do país.
ANÁLISE REGIONAL
Variação trimestral – 1° trimestre de 2020/4°trimestre de 2019
Entre as regiões do estado, as que registraram maior crescimento foram as regiões da Serra (5,3%) e Noroeste (4,6%). Por outro lado, as que tiveram maiores quedas foram as regiões do Extremo Oeste (-2,5%) e Grande Florianópolis (-1,6%).
Taxa trimestral – 1° trimestre de 2020/1° trimestre de 2019
Quando comparado a variação do primeiro trimestre de 2020 em relação a igual trimestre de 2019, Santa Catarina registrou crescimento de 1,9%. Com isso, se torna o quarto ano consecutivo de crescimento da performance econômica para o trimestre em análise, maior, portanto do que o obtido em 2019, mas menor do que os registrados nos anos de 2017 e 2018.
Nesta base de comparação, as regiões que registraram maior crescimento foram as regiões da Serra (6,7%), Noroeste (4,3%) e Vale do Itajaí (2,8%). Do lado contrário, as que registraram maiores quedas foram as regiões do Alto Vale (-0,2%) e Planalto Norte (-0,1%).
Variação interanual – Taxa acumulada em 4 trimestres em relação ao mesmo período do ano anterior
O IPER-SC registrou crescimento de 1,2% no acumulado de quatro trimestres em relação ao mesmo período de ano anterior, registrando assim um resultado superior em 0,1% do que o registrado no último trimestre. Entre as regiões do estado, as que registraram maior crescimento nesta base de comparação foram as regiões Extremo Oeste (5,5%), Serra (4,2%), Oeste (2,6%) e Extremo Sul (2,5%). Por outro lado, as que tiveram maior queda foram as regiões do Noroeste (-2,2%) e Planalto Norte (-0,8%).