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O rally da renda fixa X ativos ilíquidos

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Foto: Vidoslava/AdobeStock

Interessante notar que mesmo com os movimentos de aceleração na taxa de juros, incertezas com o cenário macro brasileiro e o sério momento internacional, assim como a volatilidade na Bolsa, os volumes de investimento no mercado de tecnologia seguem em alta.

De acordo com dados da Distrito, as startups brasileiras ultrapassaram os US$ 8 bilhões aportados em 614 negócios, considerando o período de janeiro a outubro do ano passado, um crescimento de 120% em relação ao volume de capital levantado no ano anterior. 

A Associação Brasileira de Private Equity e Venture Capital (ABVCAP), mensurou que nos primeiros nove meses do ano passado, o volume de recursos direcionado para startups brasileiras, incluindo as fintechs, por fundos e investidores de Venture Capital, atingiu um recorde de R$ 33,5 bilhões, o que multiplicou por três o valor aportado no mesmo período de 2020.

O ano passado foi sem dúvida um marco importante para a indústria do Venture Capital, prova disso é que ao trazer essa exuberância dos dados para o dia a dia de uma gestora, esse contexto se confirma. 

Alocar recursos em startups de forma profissional e estruturada exige metodologia, disciplina e, principalmente, uma tese, a fim de separar “o joio do trigo”. 

O Relatório de Prospecção e Análise construído pelo analista de novos investimentos da Invisto, Caio Feijó, reuniu de forma brilhante, tudo que a gestora gerou de dados no ano passado, nesse processo de busca de startups para o portfólio do Fundo Invisto I

O resultado é um material que orienta e comprova o poder de um bom fluxo de pipeline para a escolha das melhores oportunidades a serem investidas, bem como, que demonstra o último ano como repleto de oportunidades para fundos de Venture Capital.

De forma geral, nesse primeiro ano de operação da área de Prospecção e Análise do Fundo Invisto I, a gestora avaliou 308 oportunidades. Desse total prospectado, 67 startups estavam totalmente alinhadas à Tese de Investimentos do Fundo e aptas a receberem um aporte de capital, mas apenas 3 startups, devido ao processo detalhado de análise e filtro das melhores oportunidades, evoluíram para um plano de execução e posterior investimento. 

Outro ponto interessante analisado liga-se aos valuations vistos no mercado. Notícias recentes apontaram para múltiplos praticados em rodadas seed próximo a 16x ARR (“Receita Recorrente Anual”) (Astella, Pitchbook, 2022), e em nosso pipeline, as startups geralmente iniciam as negociações em múltiplos de 8x ARR. 

Também no ano passado, ao se analisar a entrada de startups por região na Invisto, percebe-se que o Sudeste ainda traz maior volume de negócios e de possíveis deals

Foram aproximadamente 45% do total de negócios prospectados no Brasil, ou seja, 136 startups advindas principalmente das capitais São Paulo, Belo Horizonte e Rio de Janeiro, respectivamente. 

Apesar disso, os estados do Sul, sempre estiveram em posições de destaque no ranking, principalmente nos últimos dois trimestres do ano, com a realização de ações presenciais em Santa Catarina, Paraná e Rio Grande do Sul, foco das prospecções ativas da Invisto. 

Nesse sentido, a região trouxe aproximadamente 42% do total de negócios prospectados no Brasil, ou seja, 126 startups divididas principalmente entre as capitais Florianópolis, Curitiba e Porto Alegre, nessa ordem.

Também houve sazonalidade no que tange à Prospecção e Análise dentro dos processos da área. O primeiro e terceiro, configuraram trimestres com maior quantidade de startups cadastradas e analisadas em fase inicial, ou seja, foram meses com foco na prospecção de empresas. 

Por outro lado, o segundo e quarto trimestre foram de foco na Análise de Empresas (em fases intermediárias e avançadas) e consequente fechamento de deals.

Com base nisso, o primeiro ano de operação da área de Prospecção e Análise do Fundo Invisto I representou o início de um trabalho primoroso, em constante evolução, melhorias e adaptações, que trouxe dois investimentos relevantes para o Fundo Invisto I, diversos projetos em análises avançadas de investimento, redes de parceiros e ajuda na consolidação da marca Invisto.

De um lado, estamos diante de volumes recordes de investimentos direcionados pelos fundos ao gigante mercado de tecnologia, inovação e startups da América Latina. Um mercado com muitas deficiências, que abrem espaço para disruptura. 

Os maiores fundos do mundo no setor, Tiger Global, GIC, Sequoia, Softbank, têm direcionado somas astronômicas em mega rounds e com valuations que soam atraentes quando comparados ao Silicon Valley.

Por outro lado, os investidores aprenderam a diversificar seus investimentos em busca de maior rentabilidade.

O ciclo de juros baixos que vivemos aqui no Brasil em um passado bem recente, fez com que investidores pessoa física se dessem conta da importância de tomar risco para buscar melhores retornos.

Lá atrás, um CDB garantia 14% de retorno ao ano com garantia do FGC (Fundo Garantidor de Crédito), mas ao final de 2020 a taxa Selic caiu a inimagináveis 2% e muitos tiveram que ampliar seu leque de opções.

Mesmo a retomada na alta das taxas de juros reforçou a tendência de busca de maior rentabilidade. Isso porque maiores juros nominais não necessariamente representam maior rentabilidade real, já que a inflação também tem tido recordes expressivos.

Como resultado deste aprendizado temos investidores mais conscientes da relação risco x retorno, e da necessidade de um portfólio diversificado, de longo prazo, com ativos ilíquidos e de maior risco (o que acham de startups?), selecionados após a adoção de uma metodologia de análise e validação aprofundada, com o objetivo de aumentar as chances de rentabilidade. 

Vale ressaltar que algumas casas de private banking, assessoria e muitos family offices já estão recomendando uma alocação de até 10% dos seus portfolios em VC e PE. Isso comprova que este mercado está em expansão.

Quem sabe neste momento o ideal é seguir uma observação que compartilhamos recentemente com um player de mercado: em uma ponta a Renda Fixa a IPCA + 8% e na outra investimentos ilíquidos.

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Investidora com mais de 15 anos de experiência no mercado financeiro e head de relações com investidores da Invisto

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