A pandemia trouxe dificuldades para a economia, com queda de quase 10% do PIB brasileiro no segundo trimestre.
Em Santa Catarina, a queda também foi sentida, mas a recuperação já tem demonstrado sinais de solidez.
Em agosto, a arrecadação do estado chegou a R$ 2,4 bilhões, mostrando um crescimento de 8,4% na comparação com agosto do ano passado.
No varejo, o desempenho do ICMS no mês tem sido ainda mais favorável, com aumento de mais de 40% em relação ao arrecadado no mesmo período do ano anterior.
Apesar de um agregado positivo, nem todas as atividades varejistas conseguiram estabilizar as suas vendas.
Além disso, as diferenças no desempenho dos setores são reflexo das mudanças no comportamento da população em função da pandemia.
Com o aumento do teletrabalho e a necessidade de permanecer em casa pelo maior tempo possível, a venda de artigos de viagem, roupas e calçados são as mais impactadas.
O setor de vestuário está com nível de vendas 18% inferior ao do ano passado, calçados (-23%) e artigos de viagem (-33%) demonstram quedas ainda maiores.
Outras atividades que estão com as vendas em baixa são as joalherias e as vendas de livros, jornais e revistas.
O primeiro caso segue uma tendência vista nas vendas de roupas, onde a permanência maior dentro de casa desestimula a compra destes itens.
Já o comércio de livros está associado ao início de períodos letivos e, portanto, pode ter uma recuperação mais tardia.
Setores com desempenho negativo
Se a venda de produtos ligados ao trabalho e viagem estão em baixa, o comércio de artigos domésticos apresentam elevados crescimentos nos últimos meses.
O comércio de produtos de informática, material de escritório e máquinas fotográficas foram beneficiadas.
A intensa participação de reuniões e eventos online parece ter influenciado nesta conta, sendo que a venda de câmeras fotográficas de agosto deste ano foi quase três vezes maior que a do ano passado. Equipamentos de iluminação também observaram suas vendas crescerem.
Outra atividade que chama a atenção é o comércio de plantas e flores, que teve rendimento 50% superior a de agosto de 2019. Esta recuperação está ligada ao maior tempo em casa e a busca por maior conforto no lar, movimento que tem como principal resultado o aumento das vendas de materiais de construção e pintura, mas que tem sido regra em diversos outros comércios de produtos ligados às reformas e melhorias dentro de casa.
Apesar destes resultados estarem diretamente relacionados aos efeitos imediatos da quarentena, o economista Henrique Reichert, da Caravela Soluções, alerta que parte deste comportamento pode virar tendência entre a população:
“As empresas ainda não sabem ao certo como será o teletrabalho após a pandemia, mas é certo que várias delas adotarão ferramentas digitais com mais frequência, até pela redução de custos. Isto implica que a retomada para os comércios mais impactados pode ser mais desafiadora do que parece”.