Com as recentes e acaloradas discussões sobre modelo de trabalho (remoto, híbrido ou presencial), assim como o desalinhamento entre o que as empresas estão comunicando (com os recentes layoffs, balanços e resultados públicos), e o que a força de trabalho está comunicando (quiet quitting, descompasso entre carga de trabalho e remuneração, baixa segurança psicológica e desengajamento), parece claro que vivemos nos anos recentes um descompasso entre os dois mundos.
Com esses desafios em mente, a Gallup,uma consultoria global focada no mapeamento do comportamento do colaborador em mais de 160 países ao longo dos últimos 80 anos, identificou que apenas 23% dos colaboradores ao redor do mundo estão engajados com a empresa, enquanto 59% está em modo quiet quitting, ou em modo saída silenciosa, onde não há manifestação pelo desligamento, e 18% está ativamente desengajado. O número é alarmante, especialmente se somado com o recorde em colaboradores que demonstraram estresse diário, atingindo 44% da força de trabalho. Como principal motivo para tornar o ambiente de trabalho melhor, os colaboradores falam em engajamento e cultura, com 41%. Isso se daria por meio de: maior reconhecimento, acesso à liderança e informação, autonomia, aprendizado contínuo, clareza de objetivos e maior respeito.
Vale destacar que essa mudança pode de fato mudar o jogo da nossa sociedade atual. A consultoria estima que desperdiçamos USD 8,8 trilhões no PIB, ou 9% da economia global. Isso pode ser a diferença entre uma geração que consegue resolver os problemas da sua época (pobreza, desigualdade social, entre outros) assim como tornar a vida de grande parte da população economicamente ativa mais feliz. Ter um emprego que você odeia é pior do que estar desempregado. Portanto, como de fato implementar essa mudança? Fomentar a inovação, autonomia, transparência, produtividade? Separamos alguns grandes tópicos que podem gerar uma boa discussão com seus pares.
Quebrando a inércia
Alguma vez você teve a sensação de que sua empresa está presa em uma época passada, só acordando quando surge uma crise? Você não está sozinho. Grandes organizações frequentemente sofrem da inércia corporativa. Elas são lentas para reagir, confiando em estratégias ultrapassadas até o último momento. Pense nisso como um navio gigante que só muda de direção quando está prestes a colidir com um iceberg. Mas por que esperar pelo desastre? É hora de sacudir essa inércia e guiar seu navio em direção à renovação proativa, como botes rápidos e velozes.
Garanta que você tem bases sólidas em propósito, valores, posicionamento de mercado. Na sequência, fale abertamente sobre futuro. Com a fragilidade e fraqueza de que a empresa e sua liderança não tem todas as respostas, mas que começa a clarear o que pode ser o negócio no futuro. Construa o projeto de 3, 5 anos. Identifique os principais riscos, oportunidades, entenda com clareza seus gatilhos de crescimento. Só apostar no carro-chefe não é mais suficiente, se você não tiver iniciativas de inovação surgindo com crescimento acelerado, você estará mais suscetível a ser ultrapassado por iniciativas mais inovadoras.
Inovação: curto, médio e longo prazo
Todos adoramos o buzz da inovação, mas muitos executivos não conseguem trazê-la para a mesa. Claro, eles reconhecem sua importância, mas na hora de executar, são detidos por estruturas rígidas que sufocam a criatividade. O medo de errar. A complexidade que é construir com outras áreas, que é mover o time para o novo e desconhecido. Enquanto líder, geralmente espera-se experiência, conhecimento, segurança. Mas qual é o papel do líder do futuro? Ele pode ser muito mais colaborativo do que você imagina.
Diga adeus ao controle excessivo e dê as boas-vindas a um equilíbrio saudável entre controle e liberdade. Comece a criar um ambiente onde ideias fora do comum sejam bem-vindas e os funcionários sejam motivados a inovar, reconhecidos individualmente pelo seu impacto.
Torne-se amigo da mudança e redesenhe seu modelo de gestão para isso
Transformar sua organização não se trata apenas de fazer mudanças em processos, ferramentas, de comunicação. Vá fundo tanto quanto necessário. Assim como a burocracia foi inventada, sua substituição também pode ser – uma mistura de novos princípios que unem escala com agilidade, eficiência com inovação e disciplina com liberdade. Um planejamento anual rígido não tem mais vez, um orçamento cedo às mudanças de mercado, um plano de ação que olha mais para o esforço do que o resultado. Esse modelo de gestão está fadado ao fracasso.
O campo de batalha dos negócios exige uma nova abordagem para a gestão, uma que quebre o domínio da burocracia e promova uma cultura de inovação e engajamento. É hora de romper as correntes que mantêm sua empresa ligada a práticas ultrapassadas, e isso começa pelo exemplo da alta liderança. Não apenas sobreviva; inspire, prospere! Sua jornada para se tornar uma empresa de alta performance começa hoje. Derrube as barreiras da inércia, estimule a inovação e reacenda o engajamento. Sua história de sucesso pode estar só começando.