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Os desajustados, quem são eles?

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Foto: Md Mahdi/Unplash

“Here’s to the crazy ones. The misfits, the rebels, the troublemakers, the round pegs in the square holes, the ones who see things differently. They’re not fond of rules, and they have no respect for the status quo. You can quote them, disagree with them, glorify or vilify them. About the only thing you can’t do is ignore them. Because they change things – they push the human race forward. And while some may see them as the crazy ones, we see genius. Because the people who are crazy enough to think they can change the world, are the ones who do”. (Steve Jobs)

Essas são palavras de Steve Jobs na divulgação de uma das poderosas campanhas da Apple, “Think Different”. A Apple, essa empresa que hoje alcançou a marca de U$ 2,4 trilhões de valor de mercado e que, apesar de ter uma história de criação bastante intensa, não há dúvidas de que Jobs representava a figura de um empreendedor obstinado pelo sucesso da sua empresa.

Identificar os “loucos” que estão por aí, esse é o grande talento daqueles que buscam investir nas melhores oportunidades, naquelas que serão disruptivas, que poderão romper paradigmas ou simplesmente irão performar de forma excepcional nos mercados em que se propõe atuar.

Uma startup, por definição, segundo o Sebrae é um grupo de pessoas iniciando uma empresa, trabalhando com uma ideia diferente, escalável e em condições de extrema incerteza.

Um grupo de pessoas, esse é o gatilho onde tudo começa, quem são as pessoas no comando dessa ideia e, por mais clichê que isso possa parecer, na fase inicial da vida de uma empresa, definitivamente se investe e acredita-se no jóquei e não no cavalo. 

Por isso, perceber esses empreendedores que carregam em seu olhar uma vontade de criar algo grandioso é sem dúvida nenhuma parte essencial no momento de analisar uma oportunidade, mas esse é apenas o primeiro passo.

Qual a metodologia para reconhecer esses empreendedores? Como começar a investir em startups? Como encontrar os melhores deals?

Uma das grandes vantagens em investir startups é que podemos escolher aquelas que atuam em algo que acreditamos, nos identificamos.

Dessa forma, definir uma tese e parâmetros claros de budget total para esta finalidade, quantas empresas por ano, qual tamanho de cada cheque, qual setor, tamanho de mercado, empresa com faturamento ou não, enfim itens que um a um guiarão a tomada de decisão e argumentos para os quais podemos recorrer para justificar tal atitude.

Suprimida essa etapa, deve-se aproximar de conexões a fim de gerar deal flow, acompanhar as oportunidades e entidades que já circulam nesse mercado, como aceleradoras, outros investidores, experts do ramo, investidores anjos, certamente essas  são boas fontes de oportunidades.

Na sequência há o acompanhamento desse deal flow e estar perto de determinadas empresas para entrar no momento certo, também pode ser fator determinante para o sucesso desse investimento.

Manter um contato saudável e frequente com essa rede de oportunidades, desenhar um fluxo de acompanhamento através de relatórios, até que efetivamente se opte pelo investimento.

Nesta etapa, há todo um processo negocial, que percorre análises de valuation, indicadores financeiros, contábeis, gerenciais, de governança, ESG. 

Um processo operacional que envolve, alinhamentos dos termos do negócios, due diligences, aspectos relacionados a diluição, cap table, direitos e deveres dos acionistas, e todo arcabouço legal e contratual para garantir que se está construindo uma relação saudável de sociedade, que em sua maioria, será um relacionamento de longo prazo.

Tudo isso para ilustrar que a mecânica do investimento não é complicada, mas sim exige disciplina, organização e tempo, a fim de se construir uma metodologia que gere oportunidade real de bons negócios.

Não é um fluxo de trabalho trivial e dessa forma, atuar em conjunto e com aqueles que já sabem o caminho das pedras, pode ser uma boa escolha para potencializar o esforço. Sendo assim, não faça sozinho.

Trata-se de um mercado de risco? Há a possibilidade de perda de capital? É um investimento sem liquidez? Sem mercado secundário? Sim, sim para todos os questionamentos.

Por isso, identificar parceiros que possam compartilhar das melhores escolhas faz parte do processo de ingresso no mercado da tecnologia e inovação e existem diferentes fases de investimento: 

  • FFF: family, friends and fools, os empreendedores contam com aporte vindo de familiares, amigos ou os “tolos”, que são pessoas do círculo pessoal e que quase sempre não têm conhecimento para auxiliar a empresa, mas querem ver ela dar certo e investem. Os valores giram em torno de R$ 25 mil e R$ 50 mil.
  • Investimentos Anjo: são geralmente pessoas físicas que têm maior capacidade financeira e expertise para investir em startups. São rodadas que reúnem diversos investidores, o que permite aumentar o volume recebido pelas empresas. O valor aportado gira em torno de R$ 500 mil por oporte, e a participação societária fica entre 5% e 15%.
  • Capital Semente: é o seed money, aportado por grupos de investidores organizados enquanto pessoa jurídica. Os cheques variam entre R$ 300 mil a R$ 2 milhões, e costumam ser realizados em fases bastante iniciais de conceituação da solução, oferecendo apoio na definição de seu Product Market Fit.
  • Venture Capital: quando a startup está mais avançada em sua organização, com uma boa base de clientes e um processo de vendas estruturado. O Venture Capital busca empresas com alto potencial de crescimento e rentabilidade, e os cheques podem variar entre R$ 2 milhões e R$ 10 milhões com a transformação do fundo investidor em sócio da empresa.
  • Private Equity: fundos de Private Equity funcionam por meio do aporte de valores superiores aos fundos de Venture Capital, acima de R$ 10 milhões. A trajetória mais comum para chegar a este nível de investimento é a empresa ter passado por diversas outras grandes rodadas e ter conquistado uma relevante confiança de mercado.

Quanto mais inicial a fase de desenvolvimento das empresas, maior o risco desse investimento. Logo, ter perfil e entender os riscos envolvidos em cada fase é extremamente importante. 

O mercado de investimentos em empresas de tecnologia vive seu melhor momento, impulsionado por um cenário de juros que exige diversificação e que foi fortemente impulsionado pelo cenário da pandemia.

Passamos de um volume de US$ 550 milhões investidos em 2016 em venture capital, para mais de US$ 5,2 bilhões aportados no ano passado, um crescimento de 845% em quatro anos.

Isso também permitiu que muitos investidores “novo entrantes” despertassem para esse mercado, em busca de um alfa positivo no desempenho dos seus portfólios.

No entanto, deve fazer parte do processo a escolha de gestores que tenham uma boa tese de investimentos, track record, metodologia clara de análise.

Como já reforçado, não é um processo trivial e identificar sozinho quais as mentes brilhantes no comando das próximas ideias que irão romper paradigmas, exige expertise.

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Investidora com mais de 15 anos de experiência no mercado financeiro e head de relações com investidores da Invisto

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