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Oportunidades que o admirável mundo do venture capital proporcionam

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Foto: divulgação/CIB.

Com a vida gradativamente voltando ao normal, apesar do acessório básico sempre à mão (a máscara), eu e Caio Feijó, analista de pipeline da Invisto, maior hub de venture capital do Sul, fizemos na última semana um roadshow pelo norte de Santa Catarina.

Que o estado é um ecossistema de inovação vibrante, todos sabemos, mas ter o privilégio de ver e sentir isso de perto é no mínimo inspirador, fora o prazer de identificar oportunidades reais de negócios e investimentos.

BLUMENAU

Começamos por Blumenau, onde fomos calorosamente recebidos no Centro de Inovação de Blumenau (CIB). Nosso primeiro encontro foi com SCAngels. Conversamos com, Cácio Paker, que é o fundador do grupo, colocando embaixo de um mesmo guarda-chuva um grupo de empresários, entendedores e entusiastas do mercado de inovação. Em pouco mais de 4 meses, constituíram um fundo com R$ 4,5 milhões, que vai destinar R$ 3 milhões para investimento direto em startups e o restante para fundos de venture capital. A tese é alocar esse recurso em empresas B2B, de software/internet em seus estágios iniciais, com cheques entre R$ 300 mil e R$ 500 mil, mirando empresas do Sul do país. 

Uma iniciativa que tem o objetivo de estimular desenvolvimento de inovação local, mas também buscar boas oportunidades na região sul. Blumenau é uma cidade que tem a vocação da gestão, do controle, RH, muito da herança da colonização germânica. As startups hoje nascem daquelas grandes indústrias de ERP da região. 

Na sequência, e ainda na mesma mesa dentro do CIB, ouvimos as histórias de Sylvio Zimmerman, secretário municipal de Desenvolvimento Econômico, Inovação e Empreendedorismo, que com suas histórias do século passado e túneis secretos subterrâneos da cidade, também consegue desempenhar o papel de historiador. 

Ali ainda fizemos uma reunião com Ana Paula Dahlke, editora-chefe do Economia SC, no qual sou colunista e, em pouco mais de 1 hora, elencamos alguns desafios já para 2022. Um deles já podemos contar: o sócio e fundador da Invisto, Marcelo Wolowski, vai escrever uma coluna por mês no Economia SP, que será inaugurado em janeiro do próximo ano. Além disso, vem coisa nova por aí! 

JARAGUÁ DO SUL

Seguindo nossa jornada, chegamos em uma região mais afastada do centro da cidade de Jaraguá do Sul, que é o 7º maior PIB do estado, movimentando R$ 8,9 bilhões. Encontramos com um dos atores que movimentam e dão suporte à inovação no Centro de Inovação de Jaraguá. Nelson Netto, CEO e diretor executivo do Novalle nos levou uma a uma às startups e iniciativas que hoje coexistem neste espaço.

O lugar conta com 19 empresas incubadas, além das duas âncoras e outras no coworking, entre elas startups que atuam com negócios imobiliários, gestão de eventos, produtos e serviços digitais, além de tecnologias industriais.

Muitas das grandes indústrias da região estão conectadas a este lugar com o objetivo de fomentar mas também absorver as tecnologias que ali estão.

Uma dessas startups, em uma sala com um pouco mais de 100 metros quadrados, abriga uma equipe jovem, em suas mesas cheias de telas desenvolvendo códigos, recentemente já recebeu R$ 8 milhões em investimentos para seguir com o propósito de acompanhamento do fluxo do atendimento hospitalar, só eles pretendem fechar o ano com R$ 6 milhões de faturamento. Incrível!

O grande mantenedor desse projeto é a soma entre iniciativa privada e pública, que também se mexe para ampliar o espaço no prédio abandonado em frente (uma antiga indústria) o que vai permitir adicionar 25 novas startups.

A prefeitura da cidade contribui com convênios de manutenção da infraestrutura, ecossistema e educação para a inovação que somam mais de R$ 950 mil por ano.

JOINVILLE

Nossa última parada foi Joinville, no qual visitamos o Ágora Tech Park. Que lugar sensacional! Que super conceito de reunir em um mesmo complexo a força da indústria local, empresários e startups em um ambiente onde a inovação está presente em sua essência: criar coisas novas.

O espaço fica dentro do Perini Business Park, um terreno de 2,8 milhões de m², as empresas instaladas compõem os setores de metal-mecânico, plástico, automobilístico, agroindústria, construção civil, eletrônico, elétrico, químico, logístico, metalúrgico, financeiro, comercial e de serviços. 

Têm também uma pequena e charmosa vila germânica e uma rua central que servirá de ambiente de testes para tecnologias smart cities. Em breve, a via receberá sensores, que permitirão pedestres e carros circularem com segurança, medir temperatura, umidade e gerar dados para a cidade, permitindo também aprimorar essas tecnologias.

No Ágora são 12 startups incubadas, quase todas em estágios iniciais, mas que também abriga a Transfeera, empresa que já recebeu um aporte de R$ 3 milhões. Além disso, grande parte dos atores do ecossistema estão ali instalados: Join.valle, Softville, LinkLab Acate e Sebrae. Inclusive algumas das etapas do Startup SC são feitas em um auditório super cool, como o curso de capacitação de startups e o Startup Weekend

Recentemente, uma das iniciativas do Join.valle conseguiu juntar R$ 5 milhões que serão geridos por um venture capital seed money para alocar cheques de até R$ 500 mil em startups locais. Com o Join.VC, mais uma vez empresários e investidores têm o objetivo de diversificar seus ativos com o mundo da inovação.

O PODER DE SC

Em levantamento feito pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgado no último dia 12 de novembro, Santa Catarina atingiu um PIB de R$ 323,26 bilhões, o que representa um crescimento 3 vezes acima da média nacional que foi de 1,2%. A variação deste indicador no estado foi de 3,8%, um reflexo impulsionado pela indústria e comércio.

Outro aspecto que gostaria de destacar é que o perfil do investidor em projetos de private equity e venture capital no Brasil mudou de mão nos últimos 20 anos.

De acordo com dados apresentados pelos especialistas da Spectra Investments, no ano 2000 o capital alocado nesses mercados estava 50% com estrangeiros e 18% com as famílias investidoras, esse dado em 2020 foi para 20% com estrangeiros e 70% com as famílias.

Ou seja, fica evidente que o investidor local e pessoa física, tem buscado diversificar sua carteira de investimentos com ativos ilíquidos, onde justamente encontram-se as startups.

Qual a observação nestes dois comparativos? É evidente que Santa Catarina tem condições de unir este DNA empreendedor que nasce nas grandes indústrias e desenvolve tecnologias para suprir todo tipo de gap com o potencial dos investidores locais. 

Grupos de empresários, family offices, entendedores que se reúnem para simplesmente investir em startups e inovação.

O desafio agora é aprimorar esse movimento através de estruturas profissionais e bem organizadas para distribuir esse potencial de forma eficiente e democrática, dando oportunidade a diversos empreendedores e empreendedoras do estado, fortalecendo cada vez mais nosso ecossistema  e impulsionando negócios para o mundo.

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Investidora com mais de 15 anos de experiência no mercado financeiro e head de relações com investidores da Invisto

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