O número de notícias sobre o aumento do acesso a serviços financeiros tem chamado a atenção. A liderança do PIX entre as formas de pagamento continua firme, foram R$ 10,9 trilhões transacionados em 2022, mais que o dobro do registrado no ano anterior.
Além disso, o total de desbancarizados caiu consideravelmente. Em 2019, pouco antes do início da pandemia, 165,6 milhões de brasileiros tinham relacionamentos ativos com o sistema financeiro. Hoje, esse número passou para 188,3 milhões, um aumento de quase 14%, segundo dados do Banco Central.
As duas questões, a popularização do PIX e a queda no número de desbancarizados, estão ligadas. Segundo o BC, 29,9% dos registrados no Cadastro Único, formado por famílias de baixa renda que ganham até meio salário mínimo por pessoa, não faziam movimentação eletrônica antes do PIX e passaram a fazê-lo, sendo que 22,6% usaram só o PIX.
O meio de pagamento também tem forte presença entre os trabalhadores da economia informal e autônomos, o que mostra a atuação positiva na promoção da inclusão financeira.
Neste contexto, vejo dois aspectos fortemente ligados: a modernização do sistema financeiro brasileiro, que inclui também o Open Finance, e a aposta no desenvolvimento de tecnologia.
As fintechs têm um protagonismo inegável nesse processo de democratização e investem cada vez mais na criação de soluções que não só facilitam a vida de quem já faz parte desse mundo, mas também ajudam a incluir aqueles que ainda estão de fora.
De acordo com a pesquisa Fintech Deep Dive 2022, realizada pela PwC em parceria com a Associação Brasileira de Fintechs (ABFintechs), 72% das startups financeiras estão desenvolvendo soluções alinhadas para Open Finance e PIX e 79% já aproveitam as vantagens dessas iniciativas ou acreditam que chegarão lá em um ano.
Os líderes do setor têm percebido essa como uma das missões principais da categoria: mais da metade das fintechs reconhecem a inclusão financeira como principal área de oportunidades na América Latina.
Segundo o Relatório sobre Fintechs da América Latina, divulgado por LatAm Intersect PR e Fintech Nexus, 53% dos 250 profissionais entrevistados acreditam que levar serviços financeiros aos desbancarizados é uma área próspera de atuação.
Neste sentido, a boa notícia para a economia brasileira, que só tem a ganhar com mais gente ingressando no sistema financeiro, é que as fintechs continuam crescendo a todo vapor. Elas lideraram os aportes recebidos pelas startups no Brasil no ano de 2022.
O segmento teve um total de US$ 1,74 bilhão investidos ao longo do ano, o que representa quase 40% de todo o volume destinado ao mercado de startups, segundo levantamento do Distrito.
O cenário é positivo: mais investimento em tecnologia significa mais acesso a serviços de qualidade, crédito facilitado e mais segurança nas transações. Entretanto, o caminho a percorrer ainda é longo.
Apesar de 22,7 milhões de pessoas terem ingressado no sistema financeiro do país, estima-se que o número de desbancarizados ainda corresponda a 16% da população adulta.
É preciso descentralizar o acesso aos serviços financeiros, fazendo com que o que temos de mais inovador em tecnologia chegue em todas as camadas da sociedade e, para que isso aconteça, o protagonismo das fintechs será essencial.