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Captação para startups: rodadas múltiplas ou foco no mínimo de investimento necessário?

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Foto: divulgação.

O ciclo de vida de uma startup normalmente se entrelaça com captações de investimento. Tanto é verdade que em muitos casos o pensamento de captar investimento torna-se mais forte do que o negócio em si.

Captar investimento é uma ação estratégica, não o objetivo do negócio. Não se deve medir o sucesso de uma startup pelo quanto ela já captou. Embora você já tenha ouvido inúmeras vezes alguém se referindo a alguma startup como um caso de sucesso pelo fato de ter levantado um volume expressivo de investimentos.

Sim, isso é uma crítica.

A captação de investimentos pode ser sim uma estratégia positiva. Com mais dinheiro no caixa você consegue acelerar o ritmo de crescimento, assumindo um desbalanceamento entre receita e lucro por um período, usando o dinheiro captado para financiar a operação rodando no vermelho.

Outro benefício de grande valor é poder trazer para dentro do negócio expertise do seu grupo de investidores, bem como uma rede de conexões, que pode ter um baita valor estratégico.

Por outro lado, você entra num outro jogo, assumindo um compromisso com o retorno do valor investido para quem aportou no seu negócio. Não tem jeito, quando você capta uma rodada, define-se um valuation e (no mesmo instante) a expectativa de um retorno de X vezes aquele valor.

  • Assuma como exemplo o seguinte: captando R$ 5 milhões a um valuation de R$ 20 milhões, seus investidores certamente sonham com uma saída quando seu negócio estiver valendo (pelo menos) R$ 100 milhões. Você está assumindo um “compromisso” de levar a empresa a tal patamar.

Isso pode se tornar um peso, quando a pressão por crescimento acelerado passa a falar mais alto do que o desenvolvimento de um negócio sustentável no longo prazo.

Captamos investimento duas vezes durante a jornada da Hiper, um pouco mais de R$ 4,2 milhões. Tínhamos um negócio superatrativo para buscar grana em novas rodadas. Por que não captamos mais?

Sendo bem simples na resposta, porque não precisou.

A minha recomendação é que você pense no seguinte:

  • “Por que” e “para que” eu preciso de grana de terceiros? Ter um plano de crescimento que te leva do ponto A ao ponto B é a base de tudo. Sem isso, não capte dinheiro algum.
  • O primeiro passo é ter clareza sobre o seu ponto B, onde você quer chegar numa determinada janela de tempo. Sabendo que o ponto A é onde você está agora, o plano financeiro vai responder para você quanto de dinheiro você vai precisar para executar tal estratégia.
  • Jamais o contrário, algo que muita gente faz… “Quero captar X milhões, como posso destinar (queimar) esse dinheiro?” Há um risco enorme de planejar besteiras para achar uma “utilidade” para o dinheiro.
  • Tendo definido quanto de dinheiro você precisará, pense nas possíveis fontes de recursos. Fundos de investimento? Anjos? Sócios? Linhas de crédito?

Defina a origem do dinheiro levando em consideração o alinhamento entre as expectativas (dos empreendedores e dos “donos do dinheiro”) e quais benefícios além do dinheiro você pode conseguir para ter sucesso no seu plano estratégico.

A Hiper foi adquirida por R$ 50 milhões três anos após termos captado nossa rodada de Série A, quando levantamos R$ 4 milhões. Se tivéssemos seguido com o pensamento de captações sucessivas de investimento, talvez estaríamos hoje num patamar de valuation onde não há tanta liquidez no mercado.

Em outras palavras, existem poucos compradores com bala na agulha para pagar muito mais do que R$ 200 milhões numa aquisição. Essa é uma consideração importante para todo empreendedor fazer.

Se a aquisição da sua startup está nos seus planos, tome cuidado para não avançar demais nas rodadas sucessivas de captação que te levarão a um ponto onde há menos chances de encontrar um comprador com disposição e fôlego para pagar o que você espera.

Captação é uma das formas de financiar o crescimento. Não torne-se refém de captações sucessivas para impulsionar sua startup se você tem faturamento e lucro. Tudo começa pela estratégia… e está sempre conectado com ela!

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Empreendedor

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