A indústria da moda é uma das maiores poluidoras do mundo. Os processos utilizados na manufatura e no tingimento dos tecidos muitas vezes envolvem produtos e procedimentos altamente danosos para o meio ambiente.
Durante muito tempo pensou-se que o progresso era sinônimo de aumento de produção e consumo, e este pensamento levou a uma moda fugaz que se renova não mais a cada estação, mas a cada semana.
Agora, com nosso meio ambiente contaminado, faz-se necessário pensarmos em materiais mais sustentáveis.
Em busca de uma economia circular que não descarte, mas recicle, agregando valor, para inverter o sentido do processo.
As ciências biológicas, em especial o campo da biotecnologia, apresentam possibilidades que estão já revolucionando os materiais, e criando produtos mais sustentáveis.
O couro do cogumelo que vem sendo uma alternativa sustentável para a moda. Produzido pela Bolt Threads, empresa americana, o Mylo™ é um biotecido que está sendo alternativa sustentável ao couro apoiada por empresas como Adidas®, Kering®, lululemon® e Stella McCartney.
Feito de micélio de cogumelos, sistema subterrâneo de fungos semelhante a raízes, Mylo™ é uma alternativa ao couro sendo macio, flexível e menos prejudicial ao meio ambiente.
Para a coleção de verão 2022, apresentada na Paris Fashion Week, Stella McCartney apresentou a coleção feita à mão a partir de painéis de Mylo e comentou “Acredito que a comunidade Stella nunca deveria ter que comprometer o luxo e o design pela sustentabilidade”.
Assim, nunca se conformando com o status quo da moda e sendo chamada pela Vogue de visionária “consciência da moda”, pois Stella redefiniu o luxo pelo pioneirismo em nunca usar couro, pele, pele ou penas de animais em suas coleções.
Esse processo se iniciou há uns anos atrás, em 2016, Stella MacCartney fez sua primeira visita à Bolt Threads, em San Francisco, onde foi apresentada à seda de aranha e às possibilidades da biofabricação, pois sabendo que o couro sintético é muitas vezes considerado de qualidade inferior e é derivado do petróleo, o que inspirou um grande debate sobre o que é “pior” para o meio ambiente: real ou sintético?
McCartney argumenta que seu “alter-nappa” de poliéster reciclado tem uma pegada exponencialmente mais leve, no seu site informa que é 24 vezes menor que o couro de bezerro do Brasil, onde grande parte do gado do mundo é criado, mas a empresa percebe que nenhuma das opções é exatamente ideal.
Já em 2018, eles fizeram um protótipo Mylo de sua bolsa Falabella para o Museu Victoria & Albert e, em 2019, foi formalizado um consórcio com Kering, Adidas e Lululemon para investir fortemente no desenvolvimento da Mylo. Assim em 2021 foi lançando as primeiras roupas Mylo da indústria: um bustiê preto e calças utilitárias.
Com o avanço do biotecido Mylo, em 2021 a adidas lançou o Stan Smith Mylo, o tênis icônico e clássico reinventado busca que a adidas escale a aplicação do Mylo por meio de uma silhueta mundialmente amada, abrindo caminho para um futuro melhor e homenageando a herança da marca.
A Lululemon, outra empresa do consórcio, também lançou seus primeiros acessórios de ioga com o material em uma coleção cápsula, incluindo um tapete de ioga conceitual não tingido. O diretor de produtos Sun Chow cita:
“Aproveitar um material como o Mylo demonstra nosso compromisso em criar um futuro mais saudável por meio de produtos de baixo impacto, combinados com o design orientado ao desempenho e de alta qualidade pelo qual somos conhecidos.”
Muito importante o lançamento de produtos em escala por grandes players do mercado da moda, além do consórcio entre essas marcas junto com startups de biotecnologias, como o caso da Bolt Threads, mostrando que a conexão e trabalho em rede está nos levando para um cenário promissor e com menor impacto ambiental.