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Como o veganismo tem conquistado espaço no cotidiano do catarinense

Rafael Ferreira, Leonardo Nones e Allan Carneiro, da Veggie. Crédito da foto: divulgação

A preocupação com saúde e bem-estar é uma constante na vida do brasileiro. Com isso, hábitos mais saudáveis, e conscientes, estão cada vez mais presentes no cotidiano da população, especialmente no prato.

De acordo com uma pesquisa do Ibope, coordenada pelo The Good Food Institute Brasil (GFI) com 2 mil participantes, quase metade afirmam ter diminuído o consumo de carne nos últimos 12 meses.

Adotar uma dieta sem proteína animal pode parecer radical para alguns. Para outros, o modo de vida vegetariano, ou até mesmo vegano, parece ser a melhor opção.

Conforme o site Mapa Veg, que vem sendo construindo desde 2012 como uma espécie de censo on-line, o Brasil tem 28.358 pessoas seguindo esses estilos de vida, além de mais de 2.500 simpatizantes. Santa Catarina é o 6º estado com maior número de cadastrados, totalizando 2.118 pessoas.

Michelle Alves em sua cozinha. Crédito da foto: Bruna Gurske

Michelle Alves, de 27 anos, publicitária e youtuber de Blumenau, é um exemplo que optou pelo veganismo. Ela conta que o processo, porém, não foi da noite para o dia:

“Quando fiz meu primeiro intercâmbio, em 2015, para o Estados Unidos, a minha família lá era vegetariana. Foi um choque, porque eu esperava comer ovos e bacon no café da manhã. Em respeito a eles, eu não comprava carne. Quando saía com meus amigos nos finais de semana, consumir carne já não era a mesma coisa. Meu corpo começou a estranhar, sentia um peso no estômago, como se tivesse comido demais”.

Após um ano e meio nesse convívio, o retorno ao Brasil veio com esse estilo de vida na bagagem:

“Uma parte que preocupa muito é o convívio social. Mas quando eu ainda estava no intercâmbio, eu avisava minha família que não estava mais comendo carne e eles apoiaram. Isso é muito importante. Outro passo importante quando voltei, foi buscar um nutricionista, para fazer uma transição saudável e corretamente”. 

No final de 2016, pouco antes do Natal, ela e a namorada, que acabou embarcando no vegetarianismo, já estavam decididas a começar o próximo ano com mais alguns cortes: leite, queijo e ovos não fariam mais parte do cardápio, ficando cada vez mais perto do veganismo.

“É preciso estudar para entender e ver se esse modelo faz sentido para você. Não é só não comer mais derivados de animais, é uma ideologia sustentável, onde você não consome qualquer produto que tenha sido testado em animais, como maquiagens, por exemplo”.

Michelle já é veterana nas redes sociais. Com mais de 350 mil inscritos no canal do Youtube sobre intercâmbio e 115 mil seguidores no Instagram, a influencer uniu o conhecimento das redes sociais para ajudar a tornar o veganismo mais acessível. Com isso, criou o Meio Abacate, onde compartilha receitas e dicas veganas.

Em 2018, prestes a se aposentar, a mãe de Michelle, a cozinheira Angela Alves de Andrade, se uniu à filha em mais uma ideia: salgadinhos veganos.

O All Veg Food adapta receitas queridinhas do brasileiro, como coxinhas, para versões sem proteína animal, substituindo os recheios de frango e carne vermelha por carne de jaca e proteína de soja, por exemplo.

DELIVERY DE COMIDA VEGANA

O primeiro delivery de alimentos veganos e vegetarianos do país foi criado pelos catarinenses Leonardo Nones, Allan Carneiro e Rafael Ferreira.

Trata-se da Veggi, uma foodtech que surgiu no início do ano passado, a princípio, como uma marmitapp. Porém, com a chegada da pandemia, os planos tomaram outro rumo. 

“No início de abril, quando os restaurantes tiveram que fechar as portas, vimos uma enorme demanda reprimida por opções veganas no delivery. Porém, o número de restaurantes veganos ainda é pequeno e apenas uma fração deles fazia delivery no início da pandemia. Nisso, vimos uma oportunidade para criar o primeiro app de delivery focado no público vegano, reunindo todos os restaurantes veganos em um lugar só, o que tornou a compra por delivery muito mais prática e segura para os consumidores”, conta o Leonardo, CEO da startup.

Segundo levantamento feito pela por eles, o mercado vegano já vinha crescendo a 40% ao ano e foi acelerado com o início da pandemia, quando 3 a cada 100 pessoas aderiram ao veganismo.

Esse aumento pela busca de opções veganas refletiu nos números da foodtech: foram 2 mil clientes atendidos, gerando vendas para 70 restaurantes. E não apenas veganos.

“A receptividade da plataforma tem sido muito positiva e a maioria dos clientes voltam após a primeira compra. Pelo fato de o nosso principal pilar ser a qualidade, conseguimos atrair muitos consumidores não-veganos tanto que, pela última pesquisa que fizemos, a Veggi possuía mais consumidores não-veganos do que veganos”, complementa o empreendedor.

Em meio à pandemia, eles conseguiram gerar R$ 400 mil em receita para negócios locais e R$ 100 mil de renda para entregadores.

Para este ano, o foco serão as operações em Florianópolis, onde os sócios querem se tornar referência local entre as plataformas delivery. Além disso, há a previsão de lançamento de um aplicativo, pois hoje os pedidos são feitos por navegador.

ENTENDA AS DIFERENÇAS

Segundo a Sociedade Vegetariana Brasileira, os vegetarianos podem ser classificados em quatro categorias, além do veganismo. Entenda as diferenças entre elas:

  • Ovolactovegetarianismo: consome ovos, leite e laticínios na sua alimentação.
  • Lactovegetarianismo: consome leite e laticínios na sua alimentação.
  • Ovovegetarianismo: consome ovos na sua alimentação.
  • Vegetarianismo estrito: não consome nenhum produto de origem animal na sua alimentação.
  • Veganismo: não consome nada  de origem animal, desde alimentos até vestuário, produtos de beleza, entretenimento, entre outros.

SEGUNDA SEM CARNE

Um dos movimentos que têm se espalhado pelas redes sociais é o Segunda Sem Carne. A campanha, que existe em mais de 40 países, visa conscientizar as pessoas sobre os impactos que o uso de produtos de origem animal para alimentação tem sobre os animais, a sociedade, a saúde humana e  o planeta, convidando-as a descobrir novos sabores ao substituir a proteína animal pela vegetal pelo menos uma vez por semana.

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Jornalista e repórter do Economia SC

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