Santa Catarina encerra a safra de pitaya, fruto de um tipo de cacto, com volume estimado em 1 mil tonelada comercializadas, representando um crescimento em torno de 60% se comparada à safra 2019/2020. Apesar desse volume comercializado consolidar o estado como um dos principais polos produtores de pitaya no Brasil, seu consumo ainda é desconhecido pela maioria.
Portanto, nesse Economia SC Drops, conversamos com Lidiane Barbosa, chef que mora há 10 anos em Blumenau e é requisitada para consultorias em restaurantes e bistrôs pelo Brasil e presidente do Instituto Crescer, sobre os benefícios e possibilidades gastronômicas da fruta. Confira abaixo:
Quais os benefícios da pitaya para a saúde? Como ela pode ser consumida?
Lidiane: Primeiramente, podemos falar em duas espécies diferentes de pitaya. A pitaya branca (hylocereus undatus) é a mais comum, que tem a casca rosada e a polpa branca. E a rosada ou pitaya vermelha (hylocereus polyrhizus) que contém a casca e sua polpa mais rosada. Com a polpa podemos preparar: mousses, geleias, bebidas refrescantes, sorvetes e chás. A pitaya é considerada uma fruta de baixo índice glicêmico, ou seja, a velocidade com que a frutose (açúcar da fruta) vai parar em nossa corrente sanguínea, acontece de forma lenta, o que faz com que a fruta seja considerada de grande poder de saciedade. Para quem interessar, é também uma fruta de baixo teor calórico e alto teor de fibras (que só aumenta se consumirmos casca e sementes junto a polpa). Muito rica em vitaminas e minerais é bastante utilizada no combate a anemia e é considerada um alimento antioxidante, combatendo o envelhecimento das células. Podemos utilizar também as flores da pitaya, que bem higienizadas pode-se fazer um delicioso refogado. Como suas flores e até seus caules não são de uso e consumo da maior parte da população, podemos classificá-la como uma PANC (Planta Alimentícia não Convencional).
Quais as características gerais da “fruta-dragão”? Quais os cuidados o consumidor deve ter com a pitaya?
Lidiane: O seu fruto (polpa), sementes e cascas podem ser consumidos. As cascas precisam ser muito bem higienizadas, como deixar em solução de 2 litros de água para 10ml de hipoclorito de sódio por 15 minutos. Eu ainda recomendo, retirar as frutas desta água e deixá-las em uma solução de 2 litros de água com 20 ml de vinagre de maçã e 5g de bicarbonato de sódio para retirar o sabor do cloro. É importante secar bem ao guardar, para que sua casca mantenha-se intacta e conserve ainda mais o fruto. Deixe um tempo drenar a água utilizada para higienização em papel toalha. Se a temperatura ambiente estiver muito alta, recomendo que sejam guardadas em geladeira.
A produção da fruta no estado teve um aumento considerável, cerca de 60%. Acha que, com isso, Santa Catarina pode entrar na lista dos principais produtores de fruta (até então, o ranking é composto por São Paulo, Minas Gerais, Bahia e Paraná)?
Lidiane: Acredito que sim, mas que além de produzir, temos agora o papel de difundir o fruto, até então não muito consumido em nosso estado e em nosso país (por isso ainda se enquadra como uma PANC). Difundir o consumo integral do alimento, para que nenhuma parte deste fruto que é alimento, vá parar no lixo, seja desprezado. Como costumo dizer: novos saberes, para novos sabores. Nós temos a cultura da monotonia alimentar (consumir sempre as mesmas frutas, verduras e alimentos em geral). É importante levar ao consumidor formas de consumo e a importância do consumo dessa fruta e de outras produzidas em nossa região. Acredito muito no comércio local, para que ele sempre seja justo para quem planta e quem consome. Educação alimentar ajuda na economia local e, principalmente, em nossa saúde.